Desde novo tive a sensação de ser estranho, um pouco “sem noção” em relação a convenções sociais, o que me levou a transitar entre extremos de total frieza, indiferença e falta de empatia em relação às pessoas e, no outro polo, simpatia, carisma e esforço pra me encaixar.
Me sentia perdido em relação aos arquétipos masculinos e, principalmente, à própria masculinidade que não tem referenciais no ocidente do século XXI.
De certa forma transitava entre o Rambo e um personagem romântico do Freddie Prinze Jr dos anos 1990. Mas não ficava à vontade em nenhum desses papeis sociais. Não tinha vocação pra nenhum desses papeis. Só os seguia na esperança de “fazer o certo” em relação à sociedade.
Fiz tudo “direitinho”. Casei jovem com uma mulher jovem e muito bonita. Tudo deu errado, embora tenha dado certo. Tive outros relacionamentos, mas em algum ponto sempre me sentia desconfortável com a dialética entre “agradar os outros” e “agradar a mim mesmo”.
Nesse ponto preciso ressaltar que fui muito influenciado pelo ambiente cultural em que cresci nos anos 1970. E não tinha discernimento para saber aquilo que Krishnamurti resumiu tão bem na famosa frase “Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade profundamente doente.” Pelo contrário, eu tentava me adaptar.
Até os 30 anos de idade, fazia o que todos os homens submersos na lavagem cerebral da nossa sociedade: me sentia culpado, achava que tinha alguma coisa errada COMIGO, que eu deveria ter vocação para relacionamentos como todos os outros homens (eu acreditava nisso).
Depois disso comecei a me libertar do shaming social, do envergonhamento que nossa sociedade impõe aos homens sistematicamente em todas as situações. E, a partir dos 30 anos de idade fui começando a entender que não precisava me encaixar, que podia ser eu mesmo de um jeito que só eu mesmo sou.
Perto dos 40 anos de idade, a internet se tornou mais amplamente disponível no Brasil e passei a ler conteúdos masculinistas que nunca foram disponibilizados aqui antes.
Li Nessahan Alita, segui o “movimento da Real”, li os livros do David DeAngelo, Ross Jeffries, Paul Elam, Rollo Tomassi, Jack Donovan, Esther Villar, Greg Adams e tantos outros autores da “machosfera”. Foram dezenas, talvez mais de 100, livros de masculinidade lidos em poucos anos.
E depois de me identificar e desidentificar com quase todos os movimentos associados a esse conteúdo, percebi que não fazia parte de nenhum deles porque todos eles continuavam tendo como centro a mulher, o matriarcado, o imperativo feminino na nossa sociedade.
E eu simplesmente nunca funcionei vivendo em função de outras pessoas, seja com atração ou com aversão a elas. Nem mesmo intelectualmente.
Nunca aceitei o consenso científico, mesmo tendo tido uma vida acadêmica produtiva por um bom tempo. Quando todo mundo quer fazer uma coisa, eu quero o oposto. Eu ODEIO obedecer.
Então, voltando ao tema, este blog é meio que um diário em retrospecto da minha descoberta, desenvolvimento e aceitação como homem sigma.
É minha experiência pessoal. É minha opinião. Não é científico. Não é antropológico. Não é filosófico. São só minhas ideias. Então, só espere isso.